Arquétipos e Consciência de Grupo – Qual o Impacto?

Como My Big TOE enxerga os Arquétipos? E a Consciência Coletiva ou de Grupo? Qual a relação entre eles e qual o impacto para nós?

Bate papo com Tom Campbell especial para o Brasil – transcrição do video.

Boa noite (ou pelo horário daí boa tarde) Tom.

Obrigado mais uma vez por dedicar um tempo para falar com a gente, em especial para o seu público brasileiro e comigo, por nos dar esta honra novamente

Vamos começar a conversa hoje com a pergunta de uma amiga. Eu adentei uma resposta para ela, mas achei muito interessante de fazer à você aqui também.

Era sobre os arquétipos de Carl Jung. Ele tem suas explicações para isso, de que são padrões de comportamento, por exemplo para um pai, uma mãe, ou outro.

Este é um dos seus aspectos e entendo que ele diz ser…. Imagens de padrões arcaicos universais derivados do inconsciente coletivo. Esta é a definição curta para isso.

Mas a pergunta é: como a My Big TOE vê isso (os arquétipos)? Poderia isto ser interpretado como um tipo de ”programação”? Como padrões de programação que estão disponíveis lá para quando você chega aqui, neste vamos chamar de ”pacote de experiência”, para que possa utilizá-los e que eles possam ajudá-lo guiando-o, ajudando a aprender?

Por exemplo: Você vai ser mãe pela primeira vez na vida. Existem alguns instintos que você acessa deste “modelo” e parece, que facilmente isso poderia ser algo programado.

Então qual seria a sua visão, ou a visão da My Big TOE sobre o que estes arquétipos são?

Ok, Para falar a verdade o modelo My Big TOE explica isso muito bem.

Os Arquétipos são resultado do que chamamos de ”Consciência Coletiva”. As vezes também chamada de “Consciência de Grupo”. E ela é uma somatória vetorial de todas as consciências que pertencem a determinado grupo.

Vamos começar com algo simples como, uma multidão. Ela é um grupo, talvez uma multidão de pessoas com raiva, com muita raiva. E esta multidão tem sua própria consciência coletiva.

Se você se juntar a esta multidão, irá se sentir com mais raiva do tinha que antes de ter entrado nela, Por causa desta consciência coletiva.

E a multidão fará mais coisas mais terríveis que qualquer um dos seus membros faria se estivesse sozinho. Juntos são muito mais brutos do que seriam individualmente.

E isto acontece porque aquele modo mental (mindset) de raiva que cada um tem afeta o outro. Cada pessoa com raiva ajuda outras pessoas a se sentirem com raiva também. Esta é uma consciência coletiva que pertence àquele grupo. Se você sente que faz parte daquele grupo.

Agora se faz ou não faz parte daquele grupo depende da sua intenção. Você vê a si mesmo como parte daquele grupo? Se você não sente, então aquela consciência coletiva não vai te incomodar. Só irá incomodar aquelas pessoas que se identificam como membros daquele grupo.

Agora isto funciona em todos os níveis, em todos os tipos de agrupamentos.

Então se nós temos um grupo, como por exemplo a humanidade, ela tem sua própria consciência coletiva. É como se fosse a soma de todos os humanos.

E ela lhe dá… ela contém informações de como é ser humano, do que significa ser humano, como nós somos humanos.

Não é algum tipo de conceito fundamental de ser humano, mas sim a soma vetorial de todas as pessoas no grupo. Ou seja, de todos os humanos.

Então você pode pensar ”uma consciência coletiva da humanidade deve ser ampla”. Não seria algo tão específico. Seria algo muito amplo

Mas há arquétipos humanos, assim como arquétipos masculinos e femininos, assim como você disse, arquétipos de pai e mãe.

Mas você também pode ter arquétipos nacionais. Um país. De todas as pessoas que se identificam com aquele país. Então aquele país tem uma consciência coletiva. E alguém de fora vem e diz ”Ok, eu quero fazer parte deste país agora”.

Bem, agora em suas cabeças eles começaram a se associar com isso e assim começam a receber informações desta consciência coletiva que, no caso, eles começam a agir e pensar um pouquinho mais como as pessoas daquele país. eles começam a se tornar assim.

E até mesmo uma corporação. Se você tem uma corporação como Mercedez Benz ou IBM

Caterpillar

Oh, Caterpillar sim, ou até da Amazon.

Todas as pessoas que são membros de algo, por exemplo, todos que trabalham para a IBM, têm uma consciência coletiva também e quando você começa a trabalhar para a IBM, sente que sua atitude, seus sentimentos e valores, começam a mudar um pouco.

Você começa a parecer mais com as pessoas da IBM. E todas as pessoas da IBM se vestem de forma parecida, meio que tem ideias similares sobre a vida, a realidade, este tipo de coisa.

Então, pode ser um… uma família, pode ser apenas um grupo pequeno de uma família.

Aquela família, se você tem uma família unida onde os membros dela se identificam “eu sou um membro desta família”. Então, há arquétipos desta família com os quais pessoas podem se conectar.

Mas digamos que você trabalha para IBM, mas não sente de fato que faz parte dela, se sente como alguém de fora. Você pode trabalhar lá, mas se não vê a si mesmo como um “cara da IBM”, então, a consciência coletiva não irá te afetar tanto. Você não terá tanto feedback dela, receberá apenas um leve toque dela.

Você pode ser um cidadão brasileiro e se realmente se identifica como brasileiro, então acaba recebendo mais deste arquétipo brasileiro e irá significar mais para você. Quanto mais você se identifica, mais você recebe dele. Agora se vive aí, mas não se identifica muito com a cultura do país… vai receber menos disso.

Então isto é Consciência Coletiva. E é disso que Carl Jung estava falando em seus arquétipos. Ele só não entendia que isso é uma função da consciência, mas de fato entendeu que existem estes arquétipos e que estes arquétipos na verdade têm com conteúdo.

E pessoas que são membros de um grupo em particular recebem este conteúdo. Este conteúdo está conectado à eles, porque quando você diz ”eu sou membro de um grupo”, meio que abre um link, um link psíquico ou mental com aquele grupo.

E agora você também altera o grupo um pouquinho porque você meio que ”compartilha” suas coisas, mas você é apenas um, e o grupo é grande, então na maioria dos casos é o grupo que altera mais a você, do que você ao grupo.

O grupo pesa mais?

Sim o grupo pesa muito mais e então você acaba sendo mais como o grupo.

Então, qualquer organização, seja uma organização religiosa ou uma profissão como por exemplo todos os encanadores. Se eles realmente se identificam com ”eu sou um encanador” então todos eles formam uma consciência de grupo e vai haver um arquétipo que tem algo a ver com a profissão de encanador.

E se você realmente se identifica com isso, você começa a receber informações sobre ser encanador e você se torna um encanador um pouco melhor pelo simples fato de ter se associado, em sua mente, com aquele grupo de pessoas. De repente você começa a receber um pouco daquela informação e interpreta isso como intuição.

Você apenas segue sua intuição, por exemplo “Bem, eu vou usar este tipo de válvula ao invés daquele”. Você sente aquela intuição, e isto é você acessando o arquétipo mais amplo dos encanadores.

Então, é interessante. Todos os grupos em que estamos, se somos membros de uma família,

podemos também ser membros de uma igreja, ou de um clube social, ou de um país, membros de um estado… quem sabe? Nós tempos todos os tipos de coisa. Talvez você seja membro do clube de escoteiros ou das escoteiras, ou de alguma organização social, tudo funciona da mesma maneira.

Conforme nos tornamos parte de uma organização social, começamos a agir mais como as pessoas que fazem parte daquela organização social.

Agora uma das coisas legais sobre esse negócio de Consciências Coletivas, falamos sobre a multidão agitada, onde a multidão empurra todos para um baixo nível de comportamento mais baixo de evolução, simplesmente porque todos começam a ficar mais nervosos.

A mesma coisa acontece com pessoas bastante evoluídas. Se você tem alguém com pouquíssimo medo, cheio de amor, carinho, cooperação e compaixão e você sai com esta pessoa, bem, isto te impulsiona a também evoluir um pouquinho.

E se você se identifica com grupos como este, se interage com pessoas assim e, enfim, se identifica, isto o impulsiona a evoluir um pouquinho. Então você começa a achar mais fácil se livrar do medo, começa a achar mais fácil não ficar desapontado ou com raiva, porque agora você está envolvido com um grupo que tem uma qualidade melhor que a sua.

Então as pessoas com quem você anda é algo extremamente importante.

Porque se você se identifica como parte de um grupo, você começa a se tornar mais como ele. Você começa a receber ”downloads” daquela Consciência Coletiva. Você tem inclinações à ver as coisas como eles veem.

Por isso nós dizemos às nossas crianças que é muito importante quem são seus amigos, com quem estão.

Tenha certeza de escolher algumas pessoas de alta qualidade par serem seus amigos porque

isso irá afetar a sua vida. Se você escolher pessoas de má qualidade para serem seus amigos, isso também afetará sua vida, mas não de uma forma tão boa.

Então é sobre isso que Carl Jung estava falando, desta Consciência Coletiva e é algo interessante porque nós pertencemos à tantos grupos e nem nos damos conta de que eles nos afetam. Eles nos dão ”insights” as vezes, mas as vezes eles nos dão crenças ou as vezes ainda podem nos dar mais medo ou raiva. Podem nos dar todos os tipos de coisa, mas eles também podem nos dar coisas boas.

Então essa é a explicação para isso.

Você acabou de acessar dois aspectos diferentes. Há um aspecto bom e um ruim.

Sim.

E o seu livre arbítrio é muito importante aqui, porque se você decide, digamos, escolher um grupo ruim que gera coisas ruins e você entra nele, se identifica com ele, começa a receber ”input” deste grupo e o aceita, porque você deve ter que aceitar, eu imagino.

Se você decidir delegar seu poder de decidir e fazer apenas tudo o que recebe e pensar nisso como sendo você, ainda assim a decisão é sua…

Sim.

As consequências serão suas.

E você não é obrigado, você não tem a obrigação de seguir aquilo que está recebendo.

Exatamente. Nada te força a se juntar e nada te força a fazer nada, é você quem deve fazer a escolha. Mas ela (consciência coletiva) sim influencia você, influencia as escolhas que você faz, mas só você é quem pode decidir.

Não há desculpas, você não pode culpar ninguém pelas suas escolhas. Todas as suas escolhas são feitas por você e você deve tomar responsabilidade pelas escolhas e pelas consequências delas.

Então digamos que alguns dos vetores de todos os indivíduos em um grupo que gera essa coisa toda, à qual você pode fazer parte ou não.

Eu quero dizer…. Não é algo sozinho e com livre arbítrio certo?

Certo. É apenas algo que está sendo construído por pessoas pensando juntas na mesma coisa, ou modelando a mesma vibração, digamos.

Sim, ela não existe sozinha como um ser, eu quero dizer. Não como um indivíduo com livre arbítrio. Não ela não existe sozinha e por este motivo ela muda conforme mudamos.

Digamos que você comece a falar sobre mães.

Bem, ser uma mãe hoje em dia, em 2019, é bem diferente do que ser uma mãe vinte anos atrás, então ela muda. Aquela consciência coletiva de maternidade, todos que se identificam como mães, então ela muda, ela continua se atualizando e é isso o que a mantém atual.

É por isso que ela não envelhece e para de funcionar, porque ela é sempre atual, e sempre te trará coisas atualizadas que você pode usar.

Se fosse algo que existisse individualmente como você estava dizendo, se fosse apenas uma coisa em si, bem, uma hora ela não faria mais sentido porque a maternidade cem ou mil anos atrás era muito diferente, as responsabilidades eram diferentes.

Mães naquele tempo tinham duas grandes preocupações, que eram 1) permanecer viva e 2) encontrar algo para comer, para ela e para seus filhos e isso consumia a maior parte da sua energia, só essas duas coisas. E protegê-los dos elementos.

Isso não é mais verdade hoje. Mães hoje em dia geralmente não estão mais no mesmo ambiente que as mães daquela época então, os medos são um pouco diferentes, as atitudes para com os medos também são diferentes, então as coisas mudam.

Mas agora a maternidade é um tópico especial porque maternidade tem um outro componente adicionado que são os instintos.

Você vê? Há uma diferença entre Consciência Coletiva e Instintos.

Animais tem instintos e humanos são também animais logo, humanos também tem instintos.

E instintos, seja em humanos ou em qualquer outro animal, tende a girar em torno da sobrevivência.

Eles giram em torno da sobrevivência da espécie, não só a de um indivíduo, mas da espécie. Então, sobrevivência e procriação. Então é sobre conseguir o suficiente para comer, é sobre… fazer mais bebês para que a raça não se extíngua. É sobre abrigos, relacionamentos, enfim, nós temos instintos atrelados à estas coisas que tem a ver com nossa sobrevivência e nossa procriação.

Então, maternidade é parte da procriação. Também é parte da sobrevivência pois nós como raça não sobreviveríamos sem ao menos a procriação de novos seres conforme àqueles que morrem. De qualquer forma, para resumir, é apenas instintivo.

E instintos também podem mudar e se atualizar. Instintos são produto do ambiente, porém são muito lentos de se alterar. Nós ainda temos instintos de talvez cem mil anos atrás e alguns dos nossos instintos básicos não mudaram por cem mil anos.

Mas você pode modificar estes instintos com sua intenção. Então, você não precisa fazer o que seus instintos de mandam fazer, você pode modificá-los um pouquinho, fazer um pequeno update, mas ainda assim você está seguindo seus instintos básicos: Sobrevivência e procriação.

Então, estes instintos são muito fundamentais, muito básicos. E maternidade é uma destas coisas. Então mulheres tem instintos. Vamos dizer, uma mulher que chega aos seus 25 anos de idade e seu alarme dispara o que significa que ela começa a sentir vontade de ter um bebê.

Ela quer começar uma família, ela quer encontrar um marido e conseguir ter uma boa situação para começar a criar seus filhos. Bem, isto é parte dos seus instintos, procriação. Ela chega àquele ponto em que sua biologia começa a lhe dizer que ela precisa fazer aquilo.

E a dificuldade com instintos é que se você vai para o lado oposto ao que seus instintos lhe dizem para fazer, isso faz você… Faz você se… como eu posso dizer… se sentir mal. Sentir como se estivesse perdendo algo, como se não estivesse fazendo o certo.

Você se sente de alguma forma fracassado, você não se sente satisfeito com a sua vida, então, se somos opostos aos nossos instintos, àqueles aos quais eu falei, que giram em torno da sobrevivência e em torno do sexo. Se nós não estamos alinhados a estes instintos enlouquecemos. Nos fará ranzinzas, nós ficaríamos neuróticos. Então é importante saber que você tem instintos e quais eles são.

Agora você pode jogar com estes instintos de várias formas. Mas se você se opõem, como eu disse, se caminha em direção oposta ao que o instinto está lhe dizendo para fazer, isso irá te causar depressão. Irá lhe tornar neurótico, porque você está indo contra o que o seu ”ser fundamental” e seu corpo dizem que você deveria fazer.

E isso cria estresse e estresse cria vários outros problemas. Então nós precisamos entender os nossos instintos, precisamos satisfazê-los, mas de uma maneira que faça sentido nos dias de hoje.

Então isso é algo diferente de Consciência Coletiva, isso é só Biologia. É parte do que está instalado. Parte da nossa Biologia está instalada desta maneira. É o que nos permite sobreviver como espécie.

Então pelo termo ”hardwired” nós podemos dizer que é uma programação mais estrita. Sim, códigos.

Está programado. Digamos, uma forma equivalente de se dizer.

Sim.

Mas de qualquer maneira, isto, você está dizendo que há também uma outra forma de, digamos, criar ou perceber nossa realidade.

Se você se envolve com algum tipo de movimento que é muito depressivo, muito negativo, e você fica ao redor de pessoas que agem e pensam daquela forma, então você começa a se aprofundar nisso. E então você começa a escutar coisas ou ver coisas e então tudo confirma que as coisas são da forma que você esperava.

Você está no mesmo mundo, sobre a mesma “superfície” digamos. E você está vendo algo completamente diferente de muitas outras pessoas, porque você está “sintonizado” com aquele canal.

Sim.

Você cria uma realidade e você começa a receber confirmações de que as coisas são realmente daquele jeito e de que você não está louco. Se você não está alerta, presente, prestando atenção nas coisas, você pode se envolver, e sai de seu controle… O seu controle é tomado naquela direção e sabe-se lá Deus quando você irá voltar.

Sim, absolutamente, é assim que funciona. Nós vemos muito disso nos dias de hoje. A internet está cheia de coisas assustadoras. Eu acho que uma delas seria as teorias da conspiração. Elas estão todas cheias de medo. Isso é muito contagioso.

Sim, medo, medo e medo e estas teorias da conspiração, e pessoas medrosas acabam se apegando a elas porque, a verdade é que uma vez que você enxerga a si mesmo como vítima você vai direto para o fundo do poço.

Quando você se vê como vítima você se sente perdido, porque vítimas não podem fazer nada sobre nada. E o que estas pessoas fazem é dizer ”não é culpa minha, é esta outra coisa” ou “é culpa dos aliens”, ou são os ricos. Eles apontam os dedos em todas as direções e tipos de coisa…

Ou foi o Deus louco ou mal que criou isso tudo…

Sim, “o Deus enfurecido quem criou essa bagunça”, então o que eles estão fazendo é tentar dizer ”não é minha culpa”. Não me culpe, e estão tentando escapar de qualquer responsabilidade e então acabam como vítimas, e como vítima você não pode mudar nada.

Como vítima você está preso, você não cresce com as situações, você não enxerga o que há por detrás. Uma vez que você é uma vítima você está perdido, no fundo do poço.

Então este é absolutamente o pior lugar que qualquer consciência pode estar: o de ver a si mesmo como vítima.

Esta é uma armadilha da qual é difícil sair. Porque você definir que é a vítima significa que não pode fazer nada. E se você não pode fazer nada a respeito, então você está preso com isso.

Agora tudo o que você faz é ficar cada vez mais nervoso e depressivo, até que você simplesmente atira fogo em si mesmo, você comete suicídio, ou simplesmente fica louco, ou se torna uma pessoa ruim, este tipo de coisa.

Esta é a pior coisa que pode acontecer à alguém.

E estas teorias da conspiração são criadas com base no medo. Elas sugam pessoas para isso. Pessoas que estão procurando por uma desculpa, alguém ou algo em quem colocar a culpa. Em geral porque não querem assumir a responsabilidade de suas próprias vidas e de suas próprias escolha, se agarram à estas teorias.

E como você disse, eles são sugados, eles se tornam parte daquela Consciência Coletiva

E sabe, é nossa realidade, cada um de nós vive em sua própria realidade. Porque nossa realidade é resultado de como interpretamos a informação que recebemos. Da forma como a interpretamos.

Nós recebemos informação do ”servidor”, se assim podemos chamar, ou ”computador” ou ”consciência”, e precisamos interpretar esta informação.

Sua interpretação desta informação é a sua realidade.

E nós interpretamos as coisas baseados em nossas crenças, medos, em nosso amor, nosso afeto, tudo o que nos compõe, é assim que interpretamos as coisas.

Eu ouvi uma estória, não sei se é verdade, sobre um homem em Nova Iorque que tinha pavor de elefantes, de elefantes selvagens. É claro que não há elefantes em uma cidade grande como Nova Iorque ou São Paulo.

São enormes cidades urbanas, não há elefantes andando soltos por aí. Mas porque ele acreditava nisso, se ele visse uma pegada em algum lugar ele dizia ”Ah! Está vendo? Essa é uma pegada de elefante”. É por isso que essa pegada está aí.

E ele não via, por exemplo o vento balançando os arbustos à uma certa distância. Para ele eram elefantes que estavam escondidos atrás da folhagem fazendo elas se moverem.

Ele via sinais de elefantes em todos os lugares e é por isso que ele era tão aterrorizado por elefantes. Então sim, assim como você disse, você cria a realidade da qual você tem medo.

Seja lá qual for o seu medo, você tende a criar aquela realidade que você teme e isso é lamentável. Então se você teme que este seja um lugar feio em que todos estão lá fora para roubar uns aos outros, você tende a fazer e dizer coisas e encontrar maneiras de criar este lugar, como sendo tão feio como o imagina.

Se você tem uma atitude negativa com relação à sua vida e a onde você mora, você ajudará a tornar sua vida e o lugar onde você vive, cada vez mais negativos.

Então você se torna parte do problema, não da solução…

E é por isso que teorias da conspiração que são baseadas no medo e elas se tornam parte do problema e não da solução, porque aquele medo na verdade ajuda a criar aquela realidade que é temida.

As pessoas começam a entregar seu próprio livre arbítrio para outras quando elas se enxergam como vítimas.

2 comentários em “Arquétipos e Consciência de Grupo – Qual o Impacto?”

  1. Caro Mário, saudações!

    Tal como tinha prometido, vou aqui deixar o meu comentário sobre o video. Conheci o MBT exactamente há 10 anos. Para mim tem sido apaixonante ao longo destes 5 ou 6 últimos anos fazer a ponte entre MBT e outras fontes de Filosofia e Psicologia, encontrar pontos comuns, ver como uns conceitos se traduzem noutros etc… Esse tem sido o meu principal trabalho sobre o MBT nestes últimos anos. A pergunta colocada pela sua amiga é bastante interessante na medida em que procura conhecer de que forma o MBT se aplica, ou traduz, conceitos da Psicologia de Carl Jung. A resposta do Tom é interessantíssima, mas há duas questões importantes que afectam sobretudo a primeira parte da resposta dele: Eu acredito que possa ter havido um erro na tradução da pergunta, talvez pelo facto do Mário não estar muito familiarizado com os conceitos de Jung (nem tem obrigação nenhuma de estar, como é evidente). Eu estou convencido de que o que a sua amiga queria perguntar era sobre “Arquétipos e INconsciente Colectivo”, e não “consciência colectiva”, e isto faz toda a diferença, sobretudo em termos Jungianos. Ainda por cima a nomenclatura de Jung não é a mesma que a do MBT e “consciência” tem contextos diferentes nas duas teorias. Não posso ter a certeza mas, acredito que Tom possa não estar 100% familiarizado com a teoria de Jung.

    Na primeira parte da pergunta, de facto Tom responde com base no chamado “efeito de grupo”, que uma sociedade, uma cultura, uma empresa, uma associação, uma família ou qualquer outro grupo, possa ter no indivíduo. Estes fenomenos de aculturação ou mesmo de sacrifício da individualidade pelo grupo, a que Tom frequentemente chama “herd mentality” (mentalidade de rebanho), são situações de comportamentos adquiridos por influência do colectivo. Um exemplo clássico é o da multidão enfurecida (lynch mob)… E de facto isto são exactamente fenómenos de Consciência Colectiva. Há uma consciência de grupo “adquirida” que se sobrepõe durante mais ou menos tempo, à consciência individual. Um outro exemplo no mundo animal é quando cardumes de peixes ou bandos de pássaros agem com uma só consciência em sintonia, como se fossem um só organismo maior, através de algum sacrifício da “livre vontade”, em prol do grupo. Mas isso são fenómenos de consciência colectiva, que é algo de “adquirido”. O Inconsciente colectivo é outra coisa e tem a ver com aspectos “inatos” do inconsciente, coisas que já nascem connosco, comuns a toda a humanidade, como instintos… E é aqui que entram os Arquétipos.

    Aos 14 mins Tom toca no tema dos instintos, isso sim já mais relacionado com o Inconsciente Colectivo e indirectamente, com os Arquétipos. Embora Instintos já estejam mais próximos de Arquétipos, não são bem a mesma coisa em termos Jungianos: Instintos são uma parte do inconsciente colectivo que todos os animais possuem. Arquétipos são como os instintos, mas embebidos de componentes humanas como criatividade, cultura, reflexão, etc… No fundo os Arquétipos são aspectos inconscientes humanos que nós encontramos transversalmente ao longo de toda a história, comuns a diferentes culturas, religiões e mitos. Ao contrário dos Instintos não se centram apenas em torno da sobrevivência. “Maternidade” é um exemplo de um Arquétipo porque tem aspectos animais de sobrevivência mas também tem aspectos humanos de mitologia, religão, etc… Arquétipos são muitas vezes até representados por símbolos semelhantes em diferentes partes do mundo em culturas ancestrais que nunca se conheceram. São também símbolos que muitas vezes se manifestam em sonhos e outros estados alterados de consciência, independentemente da época ou da cultura. Aspectos transcendentais humanos, independentes de quando e onde aparecem… E não são inventadas conscientemente… Irrompem de uma camada profunda da consciência que normalmente não nascemos com a capacidade de controlar, mas que é nossa responsabilidade de ir confrontando ao longo da vida para lidarmos com elas, trazendo-as do obscuro inconsciente, para a consciência.

    É de notar aqui que surge logo à partida um problema de terminologia/nomenclatura. No MBT o termo “consciência” equivale ao termo “psique” ou ainda, ao termo “self” na terminologia Jungiana. Para Jung, a Psique (mente) é composta de Consciência, Inconsciente Pessoal (memórias pessoais reprimidas ou esquecidas, ou coisas muito subliminarmente percepcionadas) e Inconsciente Colectivo (vimos já o que é). Estas três componentes constituem a Psique, que equivale a “Consciência” no MBT. Depois segundo Jung, quando conseguimos ir ao longo da vida integrando conteúdos do Inconsciente (pessoal e sobretudo colectivo) na nossa Consciência, é como se trouxéssemos esses conteúdos do escuro para a luz. Lidamos com eles e atribuímos-lhes uma compreensão e um siginificado pessoal que relacionam arquétipos universais connosco, como indivíduos. A isto se chama o processo de “individuação” e no limite isto levaria a que a Psique ficasse toda do lado da consciência, e a isto Jung chama a realização do “Self”, que é um conceito não muito distante do de “Iluminação” no Budismo. No Induismo isto tem paralelos com o Atman (consciência individual no MBT) realizar a sua unidade/comunhão com o Paramatman ou Brahman (Large Consciousness System no MBT). Este processo de Individuação está muito interligado com aquilo que Tom diz quando refere que nós podemos modificar os instintos com o intento. Isto é precisamente pegar num conteúdo do Inconsciente Colectivo (um instinto) e trazê-lo ao consciente, confrontá-lo e lidar com ele usando o intento, para como diz Tom, o modificar ligeiramente… Em vez de o deixar continuar a manifestar-se de forma inconsciente e totalmente fora do nosso controlo.

    No final (17:50) Tom faz um comentário que (apenas aparentemente) se contradiz a si próprio. Ele diz que Instintos são diferentes de Consciência Colectiva, porque são Biologia. Mas Tom sabe melhor do que ninguém que biologia é em última instância também consciência. A aparente dualidade Consciência/Matéria (corpo) é algo que Tom sabe bem que não existe. Por isso instintos são também aspectos da Consciência, mesmo que sejam “biológicos”. Mas por um lado é verdade que Instintos não são Consciência Colectiva porque, instintos são parte do Inconsciente Colectivo. Mas só assim o é se consideramos “Consciência” no sentido Jungiano do termo, isto é, a parte “acordada” da consciência no sentido de “estar consciente” de algo. De facto, foi neste sentido Jungiano que Tom a referiu Conscência Colectiva, porque falou de fenómenos sociais e culturais dos quais estamos perfeitamente conscientes. Pertencer a uma sociedade, associação, grupo, empresa, família… São tudo coisas não-inconscientes. Mas se pensarmos em “consciência” pela definição do MBT, então instintos são parte da consciência colectiva, porque em MBT, consciência inclui o inconsciente. Simplesmente há aspectos da Consciência (em termos MBT que são estruturas que estão lá e existem “a priori” do nosso intento… É o que Tom refere como “hard-wiring”. Não dá pra mudar completamente. E estas são exactamente o que Jung se refere em termos de “Inconsciente Colectivo” – aquelas coisas comuns a todos que não dá pra mudar… Apenas dá pra adaptar a cada indivíduo: Instintos e Arquétipos.

    Achei que esta conversa veio muito ao encontro do meu trabalho mais recente. Cada vez acho mais importante fazer estes estudos comparativos, e achei que a pergunta da sua amiga, veio bastante a propósito, nesse sentido. Como lhe disse, dei recentemente uma palestra no Reino Unido sobre “Cinema (a minha área de trabalho) e Consciência”, onde referi alguns aspectos de MBT, Fenomenologia, Jung, etc…

    https://www.youtube.com/watch?v=03WbF8cBf4s

    Um forte abraço com votos de maior sucesso para a conferência do Tom! Tenho pena de não poder estar presente, mas fica um pouco difícil ir ao Brasil numa altura destas, para mim.

    Miguel

    Responder
    • Olá Miguel, sempre grato por seus comentários. Você tem muito conhecimento nesta área da Filosofia e Psicologia que não é tanto minha praia. De qualquer forma faço alguns comentários de acordo com minha percepção.
      Tem uma especialista brasileira que estudou com Jung e que cita em uma definição muito clara (que não vou lembrar completamente) sobre os arquétipos serem formas ou padrões de ser que foram estabelecidos desde os primórdios da existência… ou algo parecido. E foi isto que citei eu, mas que na verdade me interessava em ver a visão do Tom sobre os arquétipos. Pelo que entendi ele foi bem claro na resposta. Disse que esses padrões de ser não são antigos, mas sim actualizados constantemente com a realidade da experiência das pessoas, pertencentes aquele determinado grupo, e sim associou isto a uma consciência coletiva das pessoas que julgam pertencer a determinado grupo e se identificam com ele. Que elas tanto contribuem para o padrão do arquétipo, como recebem influencia dele, se está a ele conectadas por um sentimento de pertencimento.
      Achei muito interessante e para mim, leigo, fez mais sentido do que acessar coisas estáticas e eventualmente ultrapassadas (fora de uso na pratica). Sim ele fez uma associação direta como consciência de grupo e por isso deu os exemplos da multidões descontroladas, dos funcionarios de empresas e até dos encanadores.
      Quanto ao comentário que ele fez sobre os instintos serem diferentes, de estar mais ligados a biologia e não aos arquétipos e portanto não a consciência coletiva ou de grupo, eu entendi o comentário de forma diferente que você.
      Para mim é muito claro que o Tom fala de tudo como uma programação evoluida, gernando nosso cenário e personagens por conjuntos de regra ou rulesets. Fala da consciência como digital e binária criando ou desenvolvendo tudo o mais como INFORMAÇÂO transitando nessa grande rede de cosnciência. Assim que não faria nenhum sentido mesmo falar dos instintos como mera programação biológica, tipo DNA ou outro, já que tudo isso seria apenas simbolismo, metáfora, interpretação da “informação” evoluida neste ambiente digital.
      Então sumarizando, quando ele fala do instinto como biologia, entendo que está falando de uma programação mais básica, daquela associada ao suporte a situação biológica, como o instinto de sobrevivência. Sáo programações mais mecânicas (tipo uma bios de uma placa de PC) e que temos menos acesso a intervir ou mudar, ou que é muito mais lenta nesse processo de mudança por pertencer a parta mais rigida e básica da programação. Assim diferente daquilo que pode ser tratado dentro do arquétipo ou mente coletiva, que está mais ligada a nossa forma de ver as coisas e nossas decisões…
      Esperto também ter sido claro e ajudado de alguma forma ao entendimento do que foi discutido no video. Não creio que o Tom tenha qualquer pretensão de conhecer ou entender o Jung a muito fundo, quando na verdade ele retira muito mais os conceitos dele, da observação direta do funcionamento dos diversos aspectos que discute.
      Forte abc, meu amigo…

      Mario Jorge

      Responder

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