Comentários sobre: Arquétipos e Consciência de Grupo – Qual o Impacto? https://mybigtoe.com.br/arquetipos-consciencia-de-grupo-my-big-toe/ Minha Grande Teoria de Tudo Thu, 13 Jun 2019 22:55:57 +0000 hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Por: Mario JP Santos https://mybigtoe.com.br/arquetipos-consciencia-de-grupo-my-big-toe/#comment-3746 Thu, 13 Jun 2019 22:55:57 +0000 http://mybigtoe.com.br/?p=2832#comment-3746 Em resposta a Miguel Melo Queiroz.

Olá Miguel, sempre grato por seus comentários. Você tem muito conhecimento nesta área da Filosofia e Psicologia que não é tanto minha praia. De qualquer forma faço alguns comentários de acordo com minha percepção.
Tem uma especialista brasileira que estudou com Jung e que cita em uma definição muito clara (que não vou lembrar completamente) sobre os arquétipos serem formas ou padrões de ser que foram estabelecidos desde os primórdios da existência… ou algo parecido. E foi isto que citei eu, mas que na verdade me interessava em ver a visão do Tom sobre os arquétipos. Pelo que entendi ele foi bem claro na resposta. Disse que esses padrões de ser não são antigos, mas sim actualizados constantemente com a realidade da experiência das pessoas, pertencentes aquele determinado grupo, e sim associou isto a uma consciência coletiva das pessoas que julgam pertencer a determinado grupo e se identificam com ele. Que elas tanto contribuem para o padrão do arquétipo, como recebem influencia dele, se está a ele conectadas por um sentimento de pertencimento.
Achei muito interessante e para mim, leigo, fez mais sentido do que acessar coisas estáticas e eventualmente ultrapassadas (fora de uso na pratica). Sim ele fez uma associação direta como consciência de grupo e por isso deu os exemplos da multidões descontroladas, dos funcionarios de empresas e até dos encanadores.
Quanto ao comentário que ele fez sobre os instintos serem diferentes, de estar mais ligados a biologia e não aos arquétipos e portanto não a consciência coletiva ou de grupo, eu entendi o comentário de forma diferente que você.
Para mim é muito claro que o Tom fala de tudo como uma programação evoluida, gernando nosso cenário e personagens por conjuntos de regra ou rulesets. Fala da consciência como digital e binária criando ou desenvolvendo tudo o mais como INFORMAÇÂO transitando nessa grande rede de cosnciência. Assim que não faria nenhum sentido mesmo falar dos instintos como mera programação biológica, tipo DNA ou outro, já que tudo isso seria apenas simbolismo, metáfora, interpretação da “informação” evoluida neste ambiente digital.
Então sumarizando, quando ele fala do instinto como biologia, entendo que está falando de uma programação mais básica, daquela associada ao suporte a situação biológica, como o instinto de sobrevivência. Sáo programações mais mecânicas (tipo uma bios de uma placa de PC) e que temos menos acesso a intervir ou mudar, ou que é muito mais lenta nesse processo de mudança por pertencer a parta mais rigida e básica da programação. Assim diferente daquilo que pode ser tratado dentro do arquétipo ou mente coletiva, que está mais ligada a nossa forma de ver as coisas e nossas decisões…
Esperto também ter sido claro e ajudado de alguma forma ao entendimento do que foi discutido no video. Não creio que o Tom tenha qualquer pretensão de conhecer ou entender o Jung a muito fundo, quando na verdade ele retira muito mais os conceitos dele, da observação direta do funcionamento dos diversos aspectos que discute.
Forte abc, meu amigo…

Mario Jorge

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Por: Miguel Melo Queiroz https://mybigtoe.com.br/arquetipos-consciencia-de-grupo-my-big-toe/#comment-3724 Sun, 09 Jun 2019 22:32:36 +0000 http://mybigtoe.com.br/?p=2832#comment-3724 Caro Mário, saudações!

Tal como tinha prometido, vou aqui deixar o meu comentário sobre o video. Conheci o MBT exactamente há 10 anos. Para mim tem sido apaixonante ao longo destes 5 ou 6 últimos anos fazer a ponte entre MBT e outras fontes de Filosofia e Psicologia, encontrar pontos comuns, ver como uns conceitos se traduzem noutros etc… Esse tem sido o meu principal trabalho sobre o MBT nestes últimos anos. A pergunta colocada pela sua amiga é bastante interessante na medida em que procura conhecer de que forma o MBT se aplica, ou traduz, conceitos da Psicologia de Carl Jung. A resposta do Tom é interessantíssima, mas há duas questões importantes que afectam sobretudo a primeira parte da resposta dele: Eu acredito que possa ter havido um erro na tradução da pergunta, talvez pelo facto do Mário não estar muito familiarizado com os conceitos de Jung (nem tem obrigação nenhuma de estar, como é evidente). Eu estou convencido de que o que a sua amiga queria perguntar era sobre “Arquétipos e INconsciente Colectivo”, e não “consciência colectiva”, e isto faz toda a diferença, sobretudo em termos Jungianos. Ainda por cima a nomenclatura de Jung não é a mesma que a do MBT e “consciência” tem contextos diferentes nas duas teorias. Não posso ter a certeza mas, acredito que Tom possa não estar 100% familiarizado com a teoria de Jung.

Na primeira parte da pergunta, de facto Tom responde com base no chamado “efeito de grupo”, que uma sociedade, uma cultura, uma empresa, uma associação, uma família ou qualquer outro grupo, possa ter no indivíduo. Estes fenomenos de aculturação ou mesmo de sacrifício da individualidade pelo grupo, a que Tom frequentemente chama “herd mentality” (mentalidade de rebanho), são situações de comportamentos adquiridos por influência do colectivo. Um exemplo clássico é o da multidão enfurecida (lynch mob)… E de facto isto são exactamente fenómenos de Consciência Colectiva. Há uma consciência de grupo “adquirida” que se sobrepõe durante mais ou menos tempo, à consciência individual. Um outro exemplo no mundo animal é quando cardumes de peixes ou bandos de pássaros agem com uma só consciência em sintonia, como se fossem um só organismo maior, através de algum sacrifício da “livre vontade”, em prol do grupo. Mas isso são fenómenos de consciência colectiva, que é algo de “adquirido”. O Inconsciente colectivo é outra coisa e tem a ver com aspectos “inatos” do inconsciente, coisas que já nascem connosco, comuns a toda a humanidade, como instintos… E é aqui que entram os Arquétipos.

Aos 14 mins Tom toca no tema dos instintos, isso sim já mais relacionado com o Inconsciente Colectivo e indirectamente, com os Arquétipos. Embora Instintos já estejam mais próximos de Arquétipos, não são bem a mesma coisa em termos Jungianos: Instintos são uma parte do inconsciente colectivo que todos os animais possuem. Arquétipos são como os instintos, mas embebidos de componentes humanas como criatividade, cultura, reflexão, etc… No fundo os Arquétipos são aspectos inconscientes humanos que nós encontramos transversalmente ao longo de toda a história, comuns a diferentes culturas, religiões e mitos. Ao contrário dos Instintos não se centram apenas em torno da sobrevivência. “Maternidade” é um exemplo de um Arquétipo porque tem aspectos animais de sobrevivência mas também tem aspectos humanos de mitologia, religão, etc… Arquétipos são muitas vezes até representados por símbolos semelhantes em diferentes partes do mundo em culturas ancestrais que nunca se conheceram. São também símbolos que muitas vezes se manifestam em sonhos e outros estados alterados de consciência, independentemente da época ou da cultura. Aspectos transcendentais humanos, independentes de quando e onde aparecem… E não são inventadas conscientemente… Irrompem de uma camada profunda da consciência que normalmente não nascemos com a capacidade de controlar, mas que é nossa responsabilidade de ir confrontando ao longo da vida para lidarmos com elas, trazendo-as do obscuro inconsciente, para a consciência.

É de notar aqui que surge logo à partida um problema de terminologia/nomenclatura. No MBT o termo “consciência” equivale ao termo “psique” ou ainda, ao termo “self” na terminologia Jungiana. Para Jung, a Psique (mente) é composta de Consciência, Inconsciente Pessoal (memórias pessoais reprimidas ou esquecidas, ou coisas muito subliminarmente percepcionadas) e Inconsciente Colectivo (vimos já o que é). Estas três componentes constituem a Psique, que equivale a “Consciência” no MBT. Depois segundo Jung, quando conseguimos ir ao longo da vida integrando conteúdos do Inconsciente (pessoal e sobretudo colectivo) na nossa Consciência, é como se trouxéssemos esses conteúdos do escuro para a luz. Lidamos com eles e atribuímos-lhes uma compreensão e um siginificado pessoal que relacionam arquétipos universais connosco, como indivíduos. A isto se chama o processo de “individuação” e no limite isto levaria a que a Psique ficasse toda do lado da consciência, e a isto Jung chama a realização do “Self”, que é um conceito não muito distante do de “Iluminação” no Budismo. No Induismo isto tem paralelos com o Atman (consciência individual no MBT) realizar a sua unidade/comunhão com o Paramatman ou Brahman (Large Consciousness System no MBT). Este processo de Individuação está muito interligado com aquilo que Tom diz quando refere que nós podemos modificar os instintos com o intento. Isto é precisamente pegar num conteúdo do Inconsciente Colectivo (um instinto) e trazê-lo ao consciente, confrontá-lo e lidar com ele usando o intento, para como diz Tom, o modificar ligeiramente… Em vez de o deixar continuar a manifestar-se de forma inconsciente e totalmente fora do nosso controlo.

No final (17:50) Tom faz um comentário que (apenas aparentemente) se contradiz a si próprio. Ele diz que Instintos são diferentes de Consciência Colectiva, porque são Biologia. Mas Tom sabe melhor do que ninguém que biologia é em última instância também consciência. A aparente dualidade Consciência/Matéria (corpo) é algo que Tom sabe bem que não existe. Por isso instintos são também aspectos da Consciência, mesmo que sejam “biológicos”. Mas por um lado é verdade que Instintos não são Consciência Colectiva porque, instintos são parte do Inconsciente Colectivo. Mas só assim o é se consideramos “Consciência” no sentido Jungiano do termo, isto é, a parte “acordada” da consciência no sentido de “estar consciente” de algo. De facto, foi neste sentido Jungiano que Tom a referiu Conscência Colectiva, porque falou de fenómenos sociais e culturais dos quais estamos perfeitamente conscientes. Pertencer a uma sociedade, associação, grupo, empresa, família… São tudo coisas não-inconscientes. Mas se pensarmos em “consciência” pela definição do MBT, então instintos são parte da consciência colectiva, porque em MBT, consciência inclui o inconsciente. Simplesmente há aspectos da Consciência (em termos MBT que são estruturas que estão lá e existem “a priori” do nosso intento… É o que Tom refere como “hard-wiring”. Não dá pra mudar completamente. E estas são exactamente o que Jung se refere em termos de “Inconsciente Colectivo” – aquelas coisas comuns a todos que não dá pra mudar… Apenas dá pra adaptar a cada indivíduo: Instintos e Arquétipos.

Achei que esta conversa veio muito ao encontro do meu trabalho mais recente. Cada vez acho mais importante fazer estes estudos comparativos, e achei que a pergunta da sua amiga, veio bastante a propósito, nesse sentido. Como lhe disse, dei recentemente uma palestra no Reino Unido sobre “Cinema (a minha área de trabalho) e Consciência”, onde referi alguns aspectos de MBT, Fenomenologia, Jung, etc…

https://www.youtube.com/watch?v=03WbF8cBf4s

Um forte abraço com votos de maior sucesso para a conferência do Tom! Tenho pena de não poder estar presente, mas fica um pouco difícil ir ao Brasil numa altura destas, para mim.

Miguel

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